Data Center em Maringá: Desenvolvimento Econômico e Seus Impactos Socioambientais

O que é um Data Center e qual é a sua importância? 

Os data centers são instalações que abrigam servidores e equipamentos de armazenamento de dados, essenciais para o funcionamento da infraestrutura digital moderna. Com o aumento da demanda por processamento de dados, especialmente em áreas como inteligência artificial e big data, a necessidade de centros de dados eficientes e sustentáveis se torna ainda mais evidente. O data center em Maringá será o primeiro na América Latina dedicado exclusivamente à inteligência artificial, posicionando a cidade como um hub estratégico para inovação tecnológica.

Quais são os Impactos Econômicos e Tecnológicos?

A expectativa é que a construção do data center gere cerca de 2.000 empregos diretos e promova a qualificação da mão de obra local e assim, estimule também o crescimento de empresas relacionadas ao setor tecnológico. A localização próxima ao Aeroporto Regional de Maringá facilita a logística e o escoamento dos produtos, tornando a cidade ainda mais competitiva no cenário nacional e internacional. Além disso, o fortalecimento da infraestrutura digital da região é mais um aspecto que a que o data center de inteligência artificial trará para Maringá,  com a presença de uma infraestrutura robusta de processamento de dados e inteligência artificial que criará um ambiente propício para startups, empresas de médio porte e até mesmo grandes corporações que buscam soluções avançadas em tecnologia. 

Além disso, a presença do data center estimulará parcerias entre o setor privado e as instituições de ensino locais, como a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e outras faculdades da região. Essas colaborações podem resultar em programas de pesquisa e desenvolvimento, estágios para estudantes e a criação de cursos especializados em inteligência artificial e tecnologias relacionadas, fortalecendo ainda mais a posição de Maringá como um centro de inovação tecnológica.

E Quanto aos Desafios Socioambientais?

Apesar dos benefícios econômicos esperados, é fundamental considerar os impactos socioambientais associados à instalação do data center. A tecnologia necessária para operar um data center consome até sete vezes mais energia do que sistemas convencionais, o que levanta preocupações sobre a capacidade da infraestrutura energética local para suportar essa demanda crescente. Não apenas sobre a eficiência do sistema de energia, mas também a gestão do consumo hídrico também se torna uma questão crítica, já que os sistemas de resfriamento utilizados podem impactar os recursos hídricos da região. Outro ponto a ser considerado é a geração de resíduos eletrônicos, tendo em vista que a rápida obsolescência dos equipamentos utilizados em data centers pode resultar em grandes volumes de lixo eletrônico, que precisam ser geridos adequadamente para evitar danos ambientais.

Qual será o papel do Poder Público?

O poder público terá um papel fundamental na viabilização e regulamentação do projeto do data center de inteligência artificial em Maringá. A criação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), já em andamento pela Prefeitura, é um dos principais pilares dessa iniciativa, oferecendo benefícios fiscais e condições especiais para atrair investimentos e impulsionar o desenvolvimento econômico local. Além disso, a administração municipal está investindo na aquisição de terrenos estratégicos, com previsão de R$ 100 milhões destinados à expansão da ZPE, garantindo espaço adequado para o empreendimento e outras iniciativas relacionadas.

Outro aspecto relevante é a articulação entre as esferas municipal, estadual e federal. A Prefeitura de Maringá tem trabalhado em conjunto com o governo estadual e o governo federal para alinhar políticas públicas que favoreçam a instalação do data center. O governo federal, por exemplo, está desenvolvendo uma política nacional de data centers que visa criar um ambiente regulatório favorável para atrair empresas do setor tecnológico, fortalecendo ainda mais o projeto. No âmbito municipal, o poder público será responsável pela liberação de licenças e alvarás necessários para o início das obras, além de garantir que todas as exigências legais sejam cumpridas. 

Paralelamente, será necessário estabelecer diretrizes claras para regulamentar os impactos ambientais do empreendimento, considerando questões como consumo energético, demanda hídrica e gestão de resíduos eletrônicos. A transparência nesse processo é essencial, e o poder público deve assegurar que a população tenha acesso às informações sobre os benefícios e possíveis impactos do projeto.

Além disso, a administração pública pode desempenhar um papel ativo na capacitação da mão de obra local. Parcerias com instituições de ensino, como universidades e escolas técnicas, podem ser fomentadas para formar profissionais qualificados em áreas relacionadas à inteligência artificial e gestão de data centers. Essa iniciativa não apenas atenderia às demandas do mercado geradas pelo projeto, mas também contribuiria para o desenvolvimento educacional e profissional dos maringaenses.

A Importância da Análise Técnica

A análise técnica desempenha um papel central na viabilização de projetos de grande porte, como esse no município de Maringá.Trata-se de um processo indispensável para garantir que as decisões tomadas sejam fundamentadas em dados concretos, estudos aprofundados e critérios objetivos, evitando impactos negativos e assegurando que os benefícios esperados sejam plenamente alcançados.

No caso do data center, a análise técnica deve abranger uma ampla gama de aspectos. Em primeiro lugar, é essencial avaliar a viabilidade energética do projeto, considerando o alto consumo de energia característico de instalações desse tipo. Um estudo detalhado sobre a capacidade da infraestrutura energética local deve ser realizado para identificar se há necessidade de investimentos adicionais em geração e distribuição de energia. Além disso, é importante explorar alternativas sustentáveis, como o uso de fontes renováveis, para minimizar as emissões de carbono e alinhar o projeto com as metas ambientais globais.

Outro ponto crucial é a gestão hídrica. Data centers utilizam grandes quantidades de água em seus sistemas de resfriamento, o que pode exercer pressão sobre os recursos hídricos da região. A análise técnica deve incluir estudos sobre a disponibilidade hídrica local e propor soluções eficientes para reduzir o impacto desse consumo, como a adoção de tecnologias modernas de refrigeração que utilizam menos água ou sistemas fechados que reaproveitam os recursos.

Além dos aspectos ambientais, a análise técnica deve considerar os impactos sociais e econômicos do projeto. É necessário avaliar como o data center influenciará a geração de empregos e a qualificação da mão de obra local, bem como identificar oportunidades para parcerias com instituições educacionais e empresas da região. Esses estudos podem ajudar a garantir que o projeto contribua positivamente para o desenvolvimento social e econômico da cidade.

Um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável

O caminho para o desenvolvimento sustentável que proponho para Maringá envolve uma abordagem equilibrada, que integra o avanço tecnológico com a preservação ambiental e o bem-estar social. Este projeto nos oferece a chance de demonstrar que é possível conciliar crescimento econômico com práticas sustentáveis. Para isso, defendo a criação de uma comissão multidisciplinar que envolva especialistas em tecnologia, meio ambiente, economia e representantes da sociedade civil. Esta comissão será responsável por avaliar minuciosamente os impactos e benefícios do empreendimento, garantindo que o projeto esteja alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, aos quais Maringá já demonstrou comprometimento.

Proponho que o desenvolvimento do data center seja integrado ao projeto “Maringá em Dados”, fortalecendo nossa capacidade de monitorar e avaliar o progresso em direção aos ODS. Isso não apenas aumentará a transparência, mas também nos permitirá ajustar nossas políticas de forma ágil e eficiente. Além disso, devemos aproveitar esta oportunidade para expandir nossos programas de educação e capacitação, preparando nossa força de trabalho para os empregos do futuro. Parcerias com instituições de ensino locais serão fundamentais para criar currículos que atendam às demandas do setor de tecnologia.

Com essa abordagem integrada e sustentável, Maringá não apenas se beneficiará economicamente do data center, mas também se posicionará como um modelo de cidade inteligente e sustentável para o Brasil e o mundo. Este é o caminho que nos permitirá construir um futuro próspero e equilibrado para todos os maringaenses.

FONTES: 

  1. EPOWERBAY. Maringá Sediará o Primeiro Data Center Dedicado à Inteligência Artificial na América Latina. 2025. Disponível em: >https://www.epowerbay.com/single-post/maring%C3%A1-sediar%C3%A1-o-primeiro-data-center-dedicado-%C3%A0-intelig%C3%AAncia-artificial-na-am%C3%A9rica-latina<. Acesso em: 5 mar. 2025 às 09hrs00min
  1. IDEC. Data centers no Brasil: a ameaça ambiental dos servidores de IA. 2025. Disponível em: >https://idec.org.br/dicas-e-direitos/data-centers-no-brasil-meio-ambiente-ia<. Acesso em: 5 mar. 2025 às 10hrs30min
  1. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. PBIA prevê R$ 500 milhões para data centers verdes, que aliam tecnologia e sustentabilidade. 2025. Disponível em: >https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2025/02/pbia-preve-r-500-milhoes-para-data-centers-verdes-que-aliam-tecnologia-e-sustentabilidade<. Acesso em: 5 mar. 2025 às 10hrs50min
  1. FORBES. Brasil Pode Impulsionar Data Centers Verdes na América Latina. 2025. Disponível em: >https://forbes.com.br/forbes-tech/2025/01/energia-e-recursos-hidricos-para-impulsionar-data-centers-verdes-para-ia-na-america-latina/<. Acesso em: 5 mar. 2025 às 11hrs00min

 

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