Descarte Irregular de Lixo em Maringá: Crime Ambiental, Monitoramento e Caminhos para Solução
Acordar cedo, caminhar pelas ruas de Maringá e se deparar com lixo descartado de forma irregular em avenidas e fundos de vale é, infelizmente, uma cena que ainda faz parte do cotidiano de quem ama e cuida desta cidade. Não é à toa que, no último mês, o próprio prefeito Silvio Barros gravou e divulgou um vídeo indignado, denunciando o acúmulo de resíduos na Avenida Petrônio Portela. O episódio viralizou e reacendeu o debate sobre o papel do poder público e da sociedade no combate ao crime ambiental do descarte irregular de lixo.
O Que Diz a Lei e Como Funciona a Fiscalização em Maringá
Descarte irregular de lixo é crime ambiental, previsto na Lei Federal nº 9.605/98, com penalidades administrativas e criminais. Em Maringá, a legislação municipal prevê multas que podem chegar a R$ 7 mil para quem for flagrado jogando lixo em vias públicas, sendo o valor proporcional ao volume descartado e à reincidência. O município monitora cerca de 60 pontos críticos, com limpeza semanal, mas enfrenta o desafio da reincidência: muitas vezes, horas após a limpeza, os locais voltam a ser alvo de descarte irregular.
A Prefeitura de Maringá oferece canais para denúncias, como o aplicativo Ouvidoria 156 Maringá, telefone 156 e WhatsApp, além do agendamento de coleta de inservíveis e pontos de descarte correto espalhados pela cidade. Em 2025, ações integradas recolheram mais de 365 toneladas de resíduos em apenas dois dias de mutirão contra a dengue, mostrando o impacto direto do descarte irregular na saúde pública.
Ações Recentes e Desafios Persistentes
O vídeo do prefeito Silvio Barros não foi apenas um desabafo, mas um chamado à responsabilidade coletiva. Ele destacou que a prefeitura oferece serviço regular de recolhimento de resíduos e que atitudes irresponsáveis prejudicam toda a cidade. A indignação do prefeito foi ecoada por lideranças locais e empresários, como Luciano Hang, que reforçou a necessidade de mais gestores denunciarem e enfrentarem o problema de frente.
Apesar das campanhas educativas e da ampliação dos pontos de coleta, o problema persiste. Placas de proibição e ameaças de multa, sozinhas, não têm sido suficientes para mudar comportamentos. É preciso avançar em fiscalização tecnológica, uso de imagens para autuação e campanhas permanentes de conscientização, como já ocorre em cidades como São Paulo e Vitória, que aplicam milhares de multas e investem em diálogo e educação ambiental.
Exemplos Nacionais e Alternativas Inovadoras
Cidades como Brasília e São Paulo têm apostado em monitoramento intensivo, uso de tecnologia, campanhas educativas e multas pesadas para combater o descarte irregular. Em Ceilândia (DF), o plantio de árvores e jardins comunitários em áreas antes usadas como lixões ajudou a transformar o cenário urbano e inibir novas infrações. Em Vitória (ES), a fiscalização é combinada com campanhas de conscientização e prazos para regularização, antes da aplicação de multas.
Em Maringá, o Instituto Ambiental e as secretarias municipais já investem em projetos como o “Rio Limpo”, monitoramento de córregos e limpeza de áreas de fundo de vale, além de facilitar o agendamento de coleta de resíduos volumosos para evitar o descarte irregular.
Oportunidades e Propostas para uma Maringá Sustentável
- Aprimorar o monitoramento com uso de câmeras e denúncias digitais, garantindo transparência e agilidade na autuação.
- Investir em educação ambiental contínua, desde a escola até campanhas nos bairros, para criar uma cultura de respeito ao espaço público.
- Ampliar e divulgar os pontos de coleta e os serviços de recolhimento de inservíveis, facilitando o acesso da população.
- Adotar soluções urbanísticas, como jardins comunitários e ocupação positiva de áreas críticas, para transformar antigos pontos de descarte em espaços de convivência.
- Fomentar políticas públicas integradas, com participação da Câmara de Maringá, Prefeitura de Maringá e sociedade civil, inspirando-se em experiências bem-sucedidas de outras cidades.
Vamos seguir cobrando, inovando e, acima de tudo, dando o exemplo. Porque, como dizemos aqui em Maringá, cidade boa é cidade limpa – e cidade limpa é cidade de gente consciente.