Se tem um assunto que mexe com o maringaense, é a situação da nossa rodoviária. Quem já precisou embarcar ou desembarcar no Terminal Rodoviário Jamil Josepetti conhece bem os problemas: banheiros fechados, acessibilidade precária, obras paradas e um ambiente que não condiz com a cidade referência em qualidade de vida que tanto nos orgulha. E a pergunta que não quer calar: a tão falada reforma da rodoviária vai mesmo sair do papel ou ficará só na promessa?
O que aconteceu com a reforma da rodoviária?
A reforma começou em 2021, com previsão de conclusão em 12 meses. O projeto inicial previa melhorias de acessibilidade, climatização, novos banheiros, modernização elétrica e hidráulica, além de um novo acesso para pedestres e ônibus. O investimento total chegaria a R$ 13 milhões, considerando aditivos e reajustes.
No entanto, o que se viu foi um festival de atrasos, problemas técnicos e descumprimento de prazos. A primeira empresa contratada abandonou a obra em 2022 por incapacidade técnica. A segunda empresa, também vencedora por menor preço e de fora da cidade, não conseguiu cumprir o cronograma nem após vários aditivos e teve o contrato rescindido em fevereiro de 2025.
Resultado: apenas cerca de 30% da obra foi executada, mas já consumiu R$ 3,2 milhões dos cofres públicos. O restante do projeto, como o elevador de acessibilidade e a climatização, não será mais realizado. Os banheiros do primeiro andar permanecem fechados, concentrando todo o fluxo no térreo, e os usuários seguem enfrentando transtornos diários.
Por que a obra foi abandonada?
Segundo a Prefeitura, a decisão de abandonar a reforma se deu porque o projeto original apresentava inconsistências graves, como a ausência de previsão de alimentação elétrica para o elevador, além de outras falhas de planejamento. O Executivo agora justifica que os recursos serão direcionados para um novo Terminal Intermodal, planejado para a região do Aeroporto de Maringá, mas sem data prevista para sair do papel.
A justificativa oficial é que não faz sentido investir mais dinheiro em um terminal que pode ser desativado em breve, caso o novo projeto avance. No entanto, enquanto o futuro não chega, a população segue utilizando uma estrutura defasada e inacabada, pagando a conta por erros de gestão e falta de fiscalização.
Fiscalização, penalidades e responsabilidade pública
O caso da rodoviária de Maringá escancara a necessidade de maior rigor na fiscalização de obras públicas e penalidades efetivas para empresas que descumprem contratos. Não é aceitável que recursos públicos sejam desperdiçados e que a cidade fique à mercê de projetos mal planejados ou executados por empresas sem a devida capacidade técnica.
A experiência de outras cidades mostra que transparência, planejamento detalhado e acompanhamento contínuo das obras são fundamentais para o sucesso de projetos de infraestrutura. Em capitais como Curitiba e Florianópolis, a adoção de contratos com cláusulas de desempenho e penalidades severas para atrasos tem sido um caminho para evitar o abandono de obras e garantir a entrega de serviços públicos de qualidade.
Tese, antítese e síntese: o debate público em Maringá
A tese defendida pela administração municipal é que o novo terminal será mais moderno e eficiente, justificando a suspensão da reforma atual. A antítese, no entanto, é clara: enquanto o novo projeto não sai do papel, a população segue prejudicada, e o dinheiro investido até aqui não retorna em benefícios concretos para quem utiliza o serviço.
A síntese, que ecoa nas redes sociais e nas rodas de conversa da cidade, é a cobrança por mais respeito ao patrimônio público, transparência nas decisões e prioridade para o bem-estar do cidadão maringaense.
Oportunidades e caminhos para o futuro
Transparência total: Publicar todos os contratos, aditivos, valores pagos e justificativas técnicas para a rescisão.
Fiscalização rigorosa: Garantir que empresas contratadas para obras públicas tenham capacidade técnica comprovada e histórico de entregas.
Penalidades efetivas: Aplicar multas e sanções a empresas que descumprem prazos e contratos, protegendo o interesse público.
Participação popular: Ouvir usuários e lideranças locais sobre as reais necessidades do terminal rodoviário.
Planejamento integrado: Garantir que qualquer novo projeto, como o Terminal Intermodal, seja amplamente debatido e tenha cronograma realista.
É preciso respeito ao dinheiro público, compromisso com a transparência e, acima de tudo, responsabilidade com quem depende do transporte coletivo. Que a experiência sirva de lição para futuras gestões e que a cidade avance, de fato, para um modelo de políticas públicas sustentável, eficiente e alinhado às necessidades da população.
Seguiremos atentos, cobrando, fiscalizando e propondo soluções. Porque Maringá merece mais do que promessas: merece resultados concretos e respeito ao cidadão.