Quem vive em Maringá sabe: saúde pública é conversa de todo dia, seja no café da manhã, na fila da UBS ou no grupo da família no WhatsApp. E, cá entre nós, em pleno domingo de Páscoa, não dá para adoçar a discussão só com chocolate. O que está em jogo é a qualidade de vida da nossa gente, o direito constitucional à saúde e a responsabilidade de quem gere o dinheiro do povo. A pergunta que não quer calar: a saúde da família em Maringá é transparente ou cai no velho jogo do “deixa pra depois”, como ovo de Páscoa esquecido no armário?
O Que está acontecendo?
Maringá, referência regional, implantou o Programa Saúde da Família (PSF) em 1999 e, desde então, ampliou sua cobertura para cerca de 80% da população, com 61 equipes em funcionamento até 2024. O modelo, consagrado nacionalmente como Estratégia Saúde da Família (ESF), busca atendimento integral, preventivo e humanizado, com equipes multiprofissionais atuando nos bairros e junto às famílias.
Porém, nos últimos dias, a cidade foi sacudida por uma polêmica: a possível perda de 28 equipes de Saúde da Família, divulgada pela prefeitura. O motivo? Equipes incompletas, sem todos os profissionais exigidos pelo Ministério da Saúde, o que pode suspender repasses federais, mas não obrigatoriamente acabar com o atendimento local. Ou seja, a população não ficará desassistida de imediato, mas a falta de recursos ameaça a continuidade e a qualidade dos serviços.
Quais sãos os Avanços? E as boas práticas?
Os avanços e boas práticas da saúde da família em Maringá são evidentes principalmente na ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF), que hoje atinge cerca de 80% da população, superando a média nacional. A cidade investiu em equipes multiprofissionais, integração com outras políticas públicas e programas de capacitação, como o atendimento especializado a demandas atuais, incluindo o autismo. A informatização dos sistemas de saúde e a criação de canais de ouvidoria também são exemplos de boas práticas que facilitam o controle social e o acompanhamento dos serviços. Maringá se destaca ainda pela participação em redes nacionais, como a Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis, e pelo incentivo à participação social, fortalecendo o protagonismo comunitário e a corresponsabilidade entre poder público e sociedade.
Quanto às Ameaças…
A principal das ameaças ao modelo de saúde da família em Maringá é a falta de profissionais qualificados, especialmente médicos, que pode comprometer a continuidade do atendimento e a manutenção dos repasses federais. A fragmentação do acompanhamento dos pacientes, com baixa resolutividade em casos de doenças graves e registros insuficientes nos prontuários, dificulta o monitoramento e a avaliação dos resultados. A transparência na gestão dos recursos públicos ainda precisa ser aprimorada, com informações mais claras e acessíveis sobre orçamento, indicadores de desempenho e auditorias. Além disso, a participação das famílias no acompanhamento dos pacientes é limitada, e o envolvimento comunitário, embora incentivado, enfrenta barreiras culturais e estruturais. Sem avanços nessas áreas, o risco é de retrocesso na qualidade e na sustentabilidade da saúde da família em Maringá.
É preciso fiscalizar!
É necessário cobrar investigação rigorosa de eventuais irregularidades, exigir punição quando houver ilicitudes e garantir que cada centavo investido retorne em atendimento digno para a população. O controle social, via ouvidorias e conselhos, precisa ser fortalecido, e a Câmara de Maringá deve exercer seu papel de fiscalização, cobrando relatórios periódicos, audiências públicas e transparência total na gestão da saúde.
A saúde da família em Maringá é muito mais que um presente de Páscoa: tem que ser direito garantido, com transparência, eficiência e respeito ao cidadão. O debate não termina no chocolate, mas começa na cobrança por resultados, na participação ativa da sociedade e na fiscalização permanente dos recursos públicos.
Que a Páscoa inspire renovação — e que a saúde pública de Maringá renasça com mais transparência, justiça e compromisso com a vida. Afinal, como dizemos aqui na cidade, “quem não fiscaliza, acaba levando gato por lebre — ou, no caso de hoje, coelho por chocolate”.