Quem circula pelos bairros de Maringá sente na pele o drama de quem precisa de atendimento de urgência. As filas nas UPAs atuais, a carência de médicos especialistas e a falta de equipamentos básicos para exames são reclamações constantes nas redes sociais, nos grupos de bairro e até nas conversas de corredor dos hospitais. E, em meio a esse cenário, a promessa de duas novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) segue, até agora, apenas no discurso.
O que foi prometido? O que foi feito? O que ainda falta?
Durante a campanha eleitoral e nos primeiros meses de gestão, o prefeito Silvio Barros (PP) garantiu que Maringá teria duas novas UPAs para desafogar o sistema de saúde e melhorar o atendimento à população. Em coletiva recente, Barros voltou a afirmar que as obras podem começar ainda em 2025, caso haja sucesso na busca por recursos federais em Brasília. O projeto, segundo ele, seguirá o padrão do Ministério da Saúde para agilizar a burocracia e a licitação .
No entanto, passados mais de 100 dias de gestão, as novas UPAs ainda não saíram do papel. O Maringá Post, em análise dos primeiros meses do novo mandato, destacou que a promessa segue sem execução e que a população continua enfrentando dificuldades para conseguir atendimento de qualidade. O próprio prefeito reconheceu publicamente que a saúde municipal está “desestruturada”, com sobrecarga nas unidades, falta de médicos e equipamentos, e longas esperas por atendimento.
Problemas Estruturais e de Recursos Humanos
A visita do prefeito à UPA Zona Sul nesta semana foi emblemática: superlotação, demora de até uma hora entre atendimentos e relatos de escassez de profissionais. A Prefeitura anunciou medidas emergenciais, como credenciamento de novos médicos e avaliação da produtividade dos profissionais, mas a falta de especialistas e de equipamentos básicos para exames permanece como um gargalo.
Além disso, a fila de espera por consultas especializadas ultrapassa 100 mil procedimentos, agravada pelo alto índice de faltas dos próprios pacientes — quase 20% das consultas e exames agendados não são realizados por ausência dos usuários, segundo dados oficiais. Isso gera impacto financeiro e prolonga o sofrimento de quem aguarda meses por um diagnóstico.
A Promessa das 30 horas para enfermeiros: Outra Cobrança
Outro ponto sensível é a jornada dos profissionais de enfermagem. A regulamentação das 30 horas semanais foi promessa de campanha e objeto de recentes manifestações da categoria. A Prefeitura encaminhou projeto de lei para análise, mas ainda não há prazo para votação e implementação efetiva. Enfermeiros, técnicos e auxiliares seguem reivindicando melhores condições de trabalho, o que é fundamental para garantir atendimento humanizado e eficiente.
O que Pensa o Maringaense?
A população de Maringá, especialmente quem depende do SUS, cobra com razão a entrega das UPAs prometidas. De um lado, a administração municipal argumenta que a falta de recursos limita a execução dos projetos e que há esforço para buscar verbas em Brasília. De outro, a sociedade civil, profissionais de saúde e lideranças comunitárias apontam que promessas precisam sair do papel e virar realidade, com transparência e prestação de contas.
Maringá merece mais que promessas — merece respeito, transparência e resultado. As duas novas UPAs são urgentes, mas não podem ser apenas mais um “vamos fazer” no discurso político. É hora de agir, de ouvir quem está na ponta, de valorizar os profissionais e de garantir que cada maringaense tenha acesso digno à saúde.
Seguimos atentos, cobrando e propondo. Porque saúde pública de qualidade é compromisso com a vida, com a justiça social e com o futuro da nossa cidade.