Mobilidade em pauta, Maringá em movimento
Quem circula pela Avenida Morangueira já percebeu: as faixas exclusivas, agora ampliadas por decreto municipal, são território restrito para ônibus, micro-ônibus, táxis e veículos de transporte escolar. Motoristas de aplicativos, popularmente conhecidos como “Ubers”, estão fora dessa lista e, se flagrados, podem ser multados com base no Código de Trânsito Brasileiro. A medida, que visa dar mais fluidez ao transporte coletivo e estimular o uso do ônibus, levanta discussões acaloradas entre motoristas, usuários e especialistas em políticas públicas de mobilidade.
Corredor exclusivo: quem pode trafegar?
- Ônibus: transporte coletivo de passageiros, prioridade máxima.
- Micro-ônibus: veículos autorizados para transporte coletivo.
- Táxis: autorizados pelo novo decreto, equiparados ao transporte público para fins de mobilidade.
- Transporte escolar: veículos cadastrados na Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob).
- Veículos de aplicativo (Uber, 99, etc.): proibidos de utilizar a faixa exclusiva, por dificuldade de fiscalização e para não comprometer a eficiência do transporte coletivo.
Por que os “Ubers” não podem usar a faixa exclusiva?
Segundo a Prefeitura de Maringá, a decisão de proibir motoristas de aplicativo decorre da impossibilidade prática de fiscalização e do risco de congestionamento das faixas, que comprometeria a prioridade do transporte coletivo. A medida segue a lógica da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012), que determina prioridade ao transporte público sobre o individual.
Especialistas e gestores públicos apontam que liberar as faixas para aplicativos poderia reduzir a velocidade dos ônibus, aumentar custos operacionais e prejudicar milhares de usuários do transporte coletivo. A experiência de cidades como São Paulo e Fortaleza mostra que, onde houve flexibilização, o resultado foi mais congestionamento e queda na eficiência do sistema público.
Debate nacional: o que dizem outras cidades?
Capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Fortaleza já enfrentaram debates semelhantes. Em São Paulo, a permissão para táxis nas faixas exclusivas não comprometeu a fluidez dos ônibus, mas a entrada massiva de carros de aplicativo gerou redução de velocidade e aumento nas infrações. Em Fortaleza, projeto para liberar as faixas aos aplicativos gerou críticas de engenheiros e sindicalistas, que defenderam a prioridade absoluta do transporte coletivo.
“Cada pessoa que sai de um transporte coletivo para um automóvel ocupa 17 vezes mais espaço e amplia o entupimento das vias, prejudicando a cidade e a maioria das pessoas.” – Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus-CE
Maringá: avanços, desafios e oportunidades
A cidade de Maringá é reconhecida nacionalmente por sua qualidade de vida e por políticas públicas voltadas à sustentabilidade. O Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob) destaca a valorização do transporte coletivo, a ampliação da malha cicloviária e a busca por soluções inovadoras, como o recente sistema de compartilhamento de bicicletas e patinetes elétricos. No entanto, ainda há desafios a superar, como a integração entre modais e a necessidade de mais bicicletários nos terminais ao longo da Avenida Morangueira, incentivando o transporte sustentável e a intermodalidade.
Prioridade ao coletivo, eficiência e sustentabilidade
A tese central é clara: priorizar ônibus, micro-ônibus e táxis nas faixas exclusivas é medida técnica, respaldada por estudos e experiências de grandes cidades, que visa garantir eficiência, sustentabilidade e justiça social no trânsito urbano. O transporte coletivo precisa ser ágil para atrair mais usuários e reduzir a dependência do carro particular, alinhando-se aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e à visão de uma Maringá mais verde e humana.
O argumento dos motoristas de aplicativo
Por outro lado, motoristas de aplicativos argumentam que a permissão para trafegar nas faixas exclusivas reduziria o tempo de viagem dos passageiros, aumentaria a renda dos motoristas e atenderia a uma demanda crescente por mobilidade flexível e personalizada. No entanto, a experiência prática e os dados de cidades que flexibilizaram mostram que o impacto negativo sobre o transporte coletivo é significativo, prejudicando a maioria em benefício de poucos.
Caminhos para o futuro e convite ao diálogo
A decisão de Maringá reflete uma tendência nacional de priorizar o transporte público coletivo e sustentável. No entanto, é fundamental ampliar o diálogo com todos os setores da sociedade, investir em fiscalização eficiente e buscar soluções inovadoras, como a integração entre ônibus, bicicletas e outros modais. A instalação de bicicletários nos terminais da Avenida Morangueira pode ser um passo importante para promover a intermodalidade e reduzir o uso do carro individual.
Pontos fortes, ameaças e oportunidades
Pontos fortes
- Prioridade ao transporte coletivo, beneficiando milhares de maringaenses.
- Redução de congestionamentos e emissões de poluentes.
- Alinhamento com políticas públicas sustentáveis e metas ambientais.
Pontos de melhoria
- Necessidade de ampliar a fiscalização e evitar abusos.
- Investir em infraestrutura para bicicletas e integração modal.
- Melhorar a comunicação e transparência das decisões públicas.
Ameaças
- Pressão de grupos de interesse e possíveis judicializações.
- Risco de desinformação e polarização do debate.
Oportunidades
- Transformar Maringá em referência nacional em mobilidade sustentável.
- Engajar a população em campanhas de educação e respeito às regras de trânsito.
- Ampliar a participação social nas decisões sobre mobilidade urbana.
Sua opinião importa!
E você, maringaense, o que pensa sobre a proibição dos motoristas de aplicativo nas faixas exclusivas da Avenida Morangueira? Acredita que a medida é justa e eficiente? Como podemos avançar para um transporte público mais ágil e sustentável, sem deixar ninguém para trás? Envie sua opinião, participe do debate e ajude a construir uma Maringá cada vez melhor!