Saúde em Maringá: O Tempo Não Pode Esperar
Quem vive em Maringá sabe: saúde é prioridade, mas não pode ser sinônimo de espera. Nos últimos meses, o debate sobre a regulamentação da jornada de 30 horas para a enfermagem e a necessidade de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ganhou força nos corredores da Câmara Municipal, nos grupos de WhatsApp dos bairros e nas redes sociais. E não é para menos: quando o tempo de espera numa UPA ultrapassa o razoável, quem sofre é o maringaense comum, aquele que acorda cedo, trabalha duro e só quer um atendimento digno quando precisa.
30 Horas para Enfermagem: Uma Vitória da Luta, Mas Não do Tempo
Na última semana, a Câmara de Maringá aprovou em duas discussões o projeto de lei que regulamenta a jornada de 30 horas semanais para enfermeiros, técnicos e auxiliares da rede municipal. A proposta, que ainda passará por terceira votação, garante a manutenção da remuneração dos atuais servidores e o pagamento de horas extras a partir da 31ª hora semanal. Para quem ingressar após a regulamentação, o salário será proporcional à nova carga horária.
Essa mudança não é apenas uma questão de direito trabalhista, mas de respeito à categoria que sustenta o sistema de saúde municipal. A enfermagem é a linha de frente nos momentos mais críticos, como vimos na pandemia. Reduzir a jornada é proteger o trabalhador, mas também garantir um atendimento mais humano e eficiente ao cidadão. Afinal, profissional exausto não consegue oferecer o cuidado que o povo de Maringá merece.
Novas UPAs: Promessa Antiga, Necessidade Atual
Enquanto se discute a jornada da enfermagem, outra pauta não pode ficar para trás: a construção de novas UPAs. A Prefeitura afirma que as tratativas com o Governo Federal para a construção e credenciamento de duas novas unidades estão “bem adiantadas”. O tema foi destaque na campanha eleitoral de 2024 e voltou com força após a visita da ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao Hospital da Criança.
Hoje, Maringá sofre com o aumento do tempo de espera nas UPAs, agravado pela baixa produtividade médica e pelo crescimento da demanda. Só para se ter ideia, em maio, cada médico da UPA Zona Norte chegou a atender menos de três pacientes durante uma tarde, segundo dados oficiais. O resultado? Pacientes aguardando horas por um simples atendimento, muitas vezes em situações de dor e ansiedade.
Dinheiro e Gestão: O Calcanhar de Aquiles da Saúde Municipal
Não dá para falar em saúde pública sem olhar para o caixa. O balanço mais recente da Secretaria Municipal de Saúde mostra que Maringá precisará de R$ 47 milhões a mais para fechar as contas da saúde em 2025. O maior gasto? Folha de pagamento de médicos, enfermeiros e técnicos que atuam nas UPAs e no Pronto Atendimento da Criança: R$ 22,5 milhões ao longo do ano. A matemática é simples: sem investimento, não há como ampliar ou melhorar o atendimento.
Experiências de Outras Cidades: O Que Podemos Aprender?
Capitais como Curitiba e Recife já enfrentaram desafios parecidos. Em Curitiba, as UPAs foram implantadas antes mesmo da política nacional, seguindo critérios populacionais e fluxo de pacientes. O segredo foi integrar o atendimento de urgência com a atenção básica e garantir financiamento estável. Em Monteiro, na Paraíba, uma UPA construída com recursos federais atende mais de 140 pessoas por dia, beneficiando não só o município, mas toda a região.
Esses exemplos mostram que, com planejamento, diálogo e gestão eficiente, é possível transformar a realidade da saúde pública. Mas é preciso vontade política e participação social — e, claro, transparência em cada etapa do processo.
O Debate que Maringá Precisa
Tese:
A regulamentação das 30 horas para a enfermagem é um avanço necessário, assim como a construção de novas UPAs. Ambas as medidas são fundamentais para garantir atendimento digno e ágil à população.
Antítese:
Por outro lado, há desafios orçamentários, baixa produtividade médica e risco de que as novas leis fiquem só no papel. Sem gestão eficiente, recursos e fiscalização, nenhuma mudança estrutural se sustenta.
Síntese:
O caminho é o equilíbrio: investir em políticas públicas mensuráveis, ampliar a participação social, garantir transparência e priorizar resultados. O maringaense quer menos discurso e mais ação — e tem razão.
Propostas e Compromissos: O Que Defendo para Maringá
Como advogado, consultor de negócios e cidadão maringaense, defendo um pacto pela saúde municipal, baseado em:
- Regulamentação imediata e efetiva das 30 horas para a enfermagem, com garantia de remuneração justa e condições dignas de trabalho.
- Aceleração da construção e credenciamento das novas UPAs, com participação ativa da Câmara de Maringá e fiscalização da sociedade.
- Gestão transparente dos recursos, com prestação de contas periódica e participação dos conselhos municipais de saúde.
- Ampliação do diálogo entre Prefeitura, Câmara, profissionais da saúde e comunidade, com audiências públicas e consulta popular.
- Implementação de indicadores de desempenho para medir a satisfação do usuário, o tempo de espera e a resolutividade dos atendimentos.
O Maringaense Não Pode Esperar Mais
Maringá é referência em qualidade de vida, mas não pode aceitar filas intermináveis na saúde. O tempo do cidadão é precioso. Regulamentar as 30 horas para a enfermagem e construir novas UPAs não é favor, é obrigação de quem faz política pública com responsabilidade.
Vamos juntos construir uma Maringá mais justa, transparente e saudável. O debate está lançado — e o compromisso, firmado.
Alan Zampieri | Advogado e Consultor de Negócios | @alanzampieri.adv